sábado, 30 de janeiro de 2016

Conhecem os LAGARTOS existentes no Brasil?

No Brasil são conhecidas aproximadamente 248 espécies de lagartos pertencentes à 14 famílias. Lagartos geralmente apresentam dois pares de patas e ocupam os mais variados ambientes e substratos, podendo ser terrícolas (atividade sobre o chão), arborícolas (sobre a vegetação), fossoriais (galerias no subsolo) e semi-aquáticos (ambientes aquáticos e adjacências).
Calango-verde (Ameiva ameiva) - espécie terrícola.

Calango-seringueiro (Plica plica) - espécie arborícola.

Bachia sp. - espécie fossorial.
Neusticurus juruazensis - espécie semi-aquática.
    Possivelmente a espécie mais conhecida no Brasil seja a lagartixa-da-parede (Hemidactylus mabouia), uma espécie exótica oriunda da África. O nome calango é utilizado para designar várias espécies, principalmente as pertencentes ao gêneroTropidurus, e calango-verde o Ameiva ameiva. Algumas espécies, como Iguana iguana, são criadas como pets, ainda que essa mesma espécie também seja alimento para alguns povos na Amazônia. A mais procurada para alimentação no Brasil é o teiú ou teju-açu (Salvator merianae) e outras espécies desse gênero). Víbora é o nome popular aplicado, no Pantanal, ao lagarto semi-aquático Dracaena paraguayensis, pois muitos pantaneiros acreditam que essa espécie seja venenosa. No continente Americano, lagartos peçonhentos ocorrem apenas na América Central e do Norte (monstro-de-Gila e lagarto-de-cuentas – gêneroHeloderma), portanto, no Brasil não existem lagartos venenosos ou peçonhentos.
Camaleão ou Sinimbu (Iguana iguana).
 
Subordem Lacertilia ou Sauria (248 espécies)
 
Família Gekkonidae (6 espécies)
Gêneros Hemidactylus e Lygodactylus.
Distribuição: família com ampla distribuição no Brasil.
São lagartixas diurnas (Lygodactylus) e/ou noturnas (Hemidactylus), arborícolas ou terrícolas e ovíparas que se alimentam de artrópodes. Conhecidas popularmente como lagartixas, bibras e osgas. No Alto Juruá (Acre) Hemidactylus mabouia é chamada de víbora. A lagartixa-da-parede (H. mabouia) é uma espécie exótica, provavelmente introduzida através dos navios negreiros, que coloniza edificações, o que contribui para que seja a espécie mais amplamente distribuída dessa família. Durante a noite é comum observar H. mabouia nas residências, próximas a lâmpadas acesas que atraem insetos; assim como outros representantes da família, são capazes de produzir sons.

Lagartixa-da-parede (Hemidactylus mabouia).

Família Phyllodactylidae (12 espécies)
Gêneros GymnodactylusHomonotaPhyllopezus e Thecadactylus.
Distribuição: esta família está representada em vários biomas por todas as regiões do Brasil.
São pequenas lagartixas arborícolas (com exceção de Homonota, que é terrícola) e ovíparas que podem ser noturnas (comoPhyllopezus e Thecadactylus) ou diurnas (como Gymnodactylus), e se alimentam de artrópodes.
 
Lagartixa (Thecadactylus solimoensis).

Família Sphaerodactylidae (17 espécies)
Gêneros ChatogekkoColeodactylusGonatodesLepidoblepharis e Pseudogonatodes.
Distribuição: regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
São pequenas lagartixas terrícolas (como Chatogekko amazonicus e Pseudogonatodes guianensis) ou subarborícolas (comoGonatodes humeralis), diurnas, e ovíparas que se alimentam de artrópodes.

 
Chatogekko amazonicus.


Gonatodes hasemani.

 
Família Mabuyidae (14 espécies)
Gêneros AspronemaBrasiliscincusCopeoglossumExilaManciolaNotomabuyaPanopaPsychosauraPsychosaura,Trachylepis e Varzea.
Distribuição: todo o Brasil.
São lagartos de pequeno tamanho, cobertos por escamas lisas (o que dá um aspecto brilhante ao animal), com patas reduzidas, pescoço pouco evidente, hábitos diurnos terrícolas ou subarborícolas, vivíparos e que se alimentam principalmente de artrópodes.Trachylepis atlantica, endêmica de Fernando de Noronha, poliniza uma espécie de árvore leguminosa ao visitar as flores em busca de néctar e água.
 

Calango-cobra (Copeoglossum nigropunctatum).

Família Dactyloidae (18 espécies) Gêneros Dactyloa e Norops.
Distribuição: a família está representada na Amazônia e nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste.
As espécies dessa família são diurnas, alimentam-se de artrópodes e apresentam hábitos arborícolas e/ou subarborícolas. Os anoles possuem uma dobra gular colorida pode ser expandida e é usada em comunicações intra-específicas – essa característica também é utilizada na identificação das espécies. Os anoles são conhecidos como papa-ventos ou calanguinhos.


Dactyloa transversalis.
Norops nitens.

Família Hoplocercidae (3 espécies)
Gêneros Enyalioides e Hoplocercus.
Distribuição: oeste da Amazônia e região Centro-Oeste do Brasil.
São diurnos, ovíparos e alimentam-se de artrópodes. O gênero Enyalioides ocorre no oeste da Amazônia, nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia, enquanto que Hoplocercus spinosus ocorre no Cerrado do Centro-Oeste e também em manchas desse bioma em Rondônia, Maranhão e sul do Pará. Enyalioides laticeps e E. palpebralis apresentam hábitos arborícolas e Hoplocercus spinosus  escava tocas em barrancos e, quando se refugia dentro delas, dobra a cauda espinhosa fechando a entrada da toca; os índios Kamaiurá chamam esta espécie de cuviara.

 

Enyalioides laticeps.

Enyalioides palpebralis.
                                     Família Iguanidae (1 espécie)
Gênero Iguana.
Distribuição: Amazônia e regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste (norte de Minas Gerais).
Conhecido popularmente como camaleão (na Amazônia) ou sinimbu (no Pantanal), o Iguana iguana é um lagarto de grande tamanho (até 40 cm de comprimento rostro-cloacal que, incluindo a cauda, pode ultrapassar 1,5 m), heliotérmico, subarborícola e ovíparo, cujos adultos são herbívoros.



Sinimbu ou camaleão (Iguana iguana) - adulto.

Sinimbu ou camaleão (Iguana iguana) - juvenil.

 
Família Leiosauridae (13 espécies)
Gêneros AnisolepisEnyaliusLeiosaurus e Urostrophus.
Distribuição: Amazônia (Rondônia, Pará, Maranhão e Mato Grosso), Caatinga, Mata Atlântica e regiões Centro-Oeste (Cerrado e florestas de galeria) e Sul do país.
Os representantes desta família são diurnos, ovíparos, alimentam-se de artrópodes e são principalmente arborícolas, embora algumas espécies forrageiam também no chão.

Família Liolaemidae (3 espécies)
Gênero Liolaemus.
Distribuição: regiões Sudeste (Rio de Janeiro) e Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
São lagartos de hábitos terrícolas, diurnos e ovíparos que se alimentam principalmente de artrópodes. São conhecidas como lagartixas-de-areia ou de praia. Liolaemus occipitalis ocorre no litoral do Rio Grande do Sul até Santa Catarina, limite máximo de sua distribuição ao norte e está nas listas de espécies ameaçadas do Brasil, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A lagartixa-de-areia Liolaemus arambarensis é endêmica do estado do Rio Grande do Sul, onde ocorre na Laguna dos Patos, de Viamão até São Lourenço do Sul. A lagartixa-de-areia Liolaemus lutzae é endêmica da costa do estado do Rio de Janeiro, mas recentemente foi propositadamente introduzida no litoral sul do estado do Espírito Santo; é considerada ameaçada de extinção.

Família Polychrotidae (3 espécies)
Gênero Polychrus.
Distribuição: a família está representada na Amazônia e nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste.
As espécies dessa família são diurnas, alimentam-se de artrópodes e apresentam hábitos arborícolas. São chamados em alguns lugares, como no interior de São Paulo, de lagartos-preguiça.
 

Lagarto-preguiça (Polychrus marmoratus).

Família Tropiduridae (35 espécies)
Gêneros EurolophosaurusPlicaStenocercusStrobilurusTropidurusUracentron e Uranoscodon.
Distribuição: família amplamente distribuída no Brasil.
Nessa família ocorrem desde espécies terrícolas e saxícolas (associadas a rochas) a subarborícolas e arborícolas. São lagartos diurnos e ovíparos que se alimentam principalmente de artrópodes, embora alguns sejam onívoros. São chamados de calangos (Tropidurus spp.) e tamacuaré (Uranoscodon superciliosus).

 


Calango (Plica umbra).
 

Calango (Stenocercus sinesaccus).
 

Calango (Tropidurus torquatus).

Tamacuaré (Uranoscodon superciliosus).
 
Família Diploglossidae (5 espécies)
Gênero Diploglossus e Ophiodes.
Distribuição: família presente na região Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Caatinga e na Amazônia (Acre e Rondônia).
São lagartos de corpo cilíndrico e alongado, com acentuada redução ou ausência de membros, de hábitos terrícolas ou fossoriais, alimentando-se de artrópodos.
As espécies de Diploglossus são de hábitos secretivos e relativamente de difícil encontro, o que dificulta os estudos bio-ecológicos. Diploglossus lessonae ocorre na Caatinga, enquanto que D. fasciatus apresenta distribuição disjunta, ocorrendo na Mata Atlântica e no estado do Acre na Amazônia. Diploglossus lessonae é ovíparo, enquanto que o modo reprodutivo de D. fasciatus é desconhecido.
O gênero Ophiodes é composto por lagartos ápodos conhecidos popularmente como cobra-de-vidro ou quebra-quebra. Esses nomes populares se devem ao comportamento de autotomia caudal (romper a cauda) quando são atacados. As cobras-de-vidro (Ophiodes spp.) tem a distribuição considerada extra-amazônica, com um único registro em Cacoal, estado de Rondônia. Os lagartos Ophiodes são vivíparos. 
 

Família Gymnophthalmidae (84 espécies)
Gêneros AcratosauraAlexandresaurus, AlopoglossusAmapasaurusAnotosauraArthrosauraBachiaCalyptommatus,CaparaoniaCercosauraColobodactylusColobosauraColobosauroides, DryadosauraEcpleopusGymnophthalmus,HeterodactylusIphisaLeposomaMarinussaurusMicrablepharusNeusticurusNothobachiaPlacosomaProcellosaurinus,PsilophthalmusPtychoglossusRhachysaurusScriptosauraStenolepisTretioscincus e Vanzosaura.
Distribuição: todo o Brasil.
Os lagartos desta família são também referidos, na literatura científica, como microteídeos, pois já foram classificados entre os Teiidae; em geral são de pequeno tamanho, ovíparos, diurnos, se alimentam de artrópodes e apresentam hábitos terrícolas, existindo também espécies fossoriais (como Bachia spp. e Notobachia spp.) e semi-aquáticas (como Neusticurus spp.). Alguns gêneros (como Bachia e Calyptommatus) tiveram redução parcial ou total das patas.
 


Cercosaura eigenmanni.
 

Cercosaura ocellata.

Micrablepharus maximiliani.
 

Família Teiidae (34 espécies)Gêneros AmeivaAmeivulaCnemidophorusContomastixCrocodilurusDracaenaKentropyxSalvatorTeius e Tupinambis.
Distribuição: todo o Brasil.
São lagartos diurnos de hábitos terrícolas (AmeivaCnemidophorusTeius e Tupinambis), subarborícolas (Kentropyx) ou semi-aquáticos (Crocodilurus e Dracaena) e ovíparos, que se alimentam de artrópodes, embora algumas espécies sejam onívoras.
São conhecidos popularmente como calangos-verdes (Ameiva ameiva), jacareranas (Crocodilurus amazonicus) e jacuruxis (Dracaena guianensis) na Amazônia, víboras (D. paraguayensis) no Pantanal, e teiús, tejus, tejus-açus ou simplesmente lagartos (Tupinambis spp. e Salvator merianae) por todo o país. O lagarto generalista e onívoro teiú (Salvator merianae) é um potencial dispersor de sementes e também pode se alimentar de fungos.

 


Calango-verde (Ameiva ameiva).
 

Calango (Kentropyx pelviceps).
Lagarto-teju (Salvator merianae) - adulto.
 

Lagarto-teju (Salvator merianae) - juvenil.
 

Lagarto-teju (Tupinambis teguixin).

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