terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Curiosidades: OS VÍRUS são seres vivos?



Durante muitos anos, os vírus têm estado em cima do muro das classificações taxonômicas. O motivo? A aparente falta de uma resposta consensual para uma simples pergunta: afinal, os vírus são seres vivos? Essa pequena indagação têm rendido uma série de debates na comunidade científica e em salas de aula. De um lado, os que acreditam que sim justificam sua tese em três fatos principais: primeiramente, vírus dispõem de material genético, seja DNA ou RNA. Além disso, eles se reproduzem e com o passar do tempo, desenvolvem mutações em seu genoma que mudam sua constituição. Ou seja, evoluem. Assunto encerrado!?

Não tão rápido. Os que defendem a ideia contrária afirmam que os vírus NÃO podem ser seres vivos por não corresponderem a uma premissa básica que você aprende no primeiro ano do Ensino Médio: todos os seres vivos são formados por células. Para este grupo, a falta de uma estrutura celular convencional põe os vírus na configuração de nada mais que matéria bruta. Até porque, embora ele se reproduza sim, é incapaz de fazer isso ou qualquer outra coisa por si só, necessitando obrigatoriamente de uma célula hospedeira para ativá-lo.

Essa falta de um acordo na comunidade científica rendeu aos vírus uma classificação “simbólica” de “formas particulares de vida”, e uma posição taxonômica nada agradável. Aliás, numa abordagem estritamente filosófica, parece até que os vírus se vingam em sua condição de parasitas intracelulares (ou seja, dentro de células), porque, pelo menos no que diz respeito aos cinco reinos conhecidos de seres vivos, eles simplesmente foram deixados do lado de fora. Ficam ali, flutuando entre um e outro, sem um reino próprio e sem encaixar-se em nenhum existente. Mas, esse dilema parece estar com os dias contados.

A equipe de pesquisa da Universidade de Illinois decidiu acabar com essa quizumba ao fazer um estudo comparativo aprofundado entre vírus e células “convencionais”, aquele modelinho básico que você aprendeu: membrana, citoplasma, núcleo e organelas. Foram analisados aproximadamente 5 MIL organismos, dentre estes, 3,5 mil vírus. O resultado é que foram encontradas estruturas proteicas idênticas em células e vírus. Mais especificamente, o que podemos chamar de “dobras” de proteína, localizadas no genoma de seres vivos em geral. Apenas 66 dessas dobras eram exclusivas de vírus, sendo todas as demais (mais de 400) comuns entre todos os seres analisados, o que denuncia claramente uma suposta ligação evolutiva entre vírus e os seres vivos conhecidos.




Além disso, àqueles que ainda se apoiam na falta de um metabolismo independente nos vírus, esses pesquisadores apontam um dado conhecido, mas até então ignorado por essa vertente de pensamento: o de que muitas bactérias agem exatamente como os vírus no que diz respeito à reprodução, permanecendo inativas fora da célula hospedeira. Assim, cada vez mais torna-se inadmissível a atual posição, ou melhor, a “posição nenhuma” dada aos vírus. Sua “falta” de estrutura celular convencional, na verdade, seria apenas uma estrutura celular primitiva, algo que, segundo se acredita, todos os seres vivos já compartilharam. Isso pode representar, de uma vez por todas, uma ancestralidade comum entre vírus e demais seres, o que os encaixa definitivamente na árvore da vida e torna todos os livros de Biologia escritos até então obsoletos, pelo menos nesse aspecto.

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