O número de animais errantes em Portugal aumenta de ano para ano, desmoralizando aqueles que diariamente lutam para o bem-estar desses pobres animais e que procuram tornar menos triste o dia-a-dia daqueles que vivem na rua, nos canis ou nas associações à espera que alguém se apaixone por aqueles olhinhos e o decida levar para casa.
Para que esta catástrofe tenha, finalmente, um fim, só há um caminho a percorrer: a consciencialização de que os animais não são um objeto que pudemos usar e deixar fora, mas um ser vivo que a partir do momento em que entra nas nossas vidas passa a fazer parte da nossa família e que deve ser respeitado.
É importante, por isso, seguir algumas “regras” quando se entrega ou se adota um animal… porque um animal que passa, um dia, pelas nossas mãos, deverá ser sempre uma responsabilidade para nós! Assim, deixo aqui algumas “regras” – que faço questão de seguir quando entrego algum animal para adoção e cada vez que decido adotar mais um – e que acredito poderem ajudar muitos de vós.
Para quem quer adotar um animal
Assim um possível adotante deverá ter em conta alguns aspectos como:Adotar um animal deve ser visto não como a concretização de um desejo ou vontade, mas sim como a aceitação de toda e cada uma das responsabilidades inerentes a uma vida que irá depender de nós para quase tudo (ter boas condições de vida, alimentação, carinho, cuidados de higiene e de saúde, etc.).
1. Informar-se sobre a espécie a adotar
A informação sobre as necessidades especificas de cada animal e/ou espécie deve ser recolhida antes da adoção concretizada, possibilitando assim, ao animal, ser recebido em casa com tudo aquilo a que tem direito e que deve estar disponibilizado para a correcta adaptação ao novo ambiente.
2. Assegurar as condições para acolher o animal
Questões como o espaço e o tempo que temos disponível para dedicar ao animal que vai ser adotado (cada animal, espécie e raça tem as suas necessidades especificas quanto ao espaço e o tempo que lhes deve ser dedicado – por exemplo, um cão de grande porte não pode ser confinado a um apartamento durante 23 horas por dia) ou ainda como a nossa disponibilidade financeira para fazer face aos gastos normais (bem como aos gastos inesperados) que temos que ter com os nossos animais.
3. Procurar cuidados veterinários adequados ao nosso animal
4, Assegurar o bem estar dos animais durante as férias
É importante que o adotante não se esqueça que possuir um animal implica alguns cuidados especiais com as férias. Assim, o adotante deve assegurar que alguém possa tratar dos seus animais enquanto o dono está de férias ou ausente de casaainda antes de possuir o animal. Lembre-se que pode recorrer a serviços de pet-sitting, a hotéis próprios para animais ou que ainda tem a hipótese de levar o seu bichinho consigo de férias deste que escolha um local onde aceitem animais!
Para quem entrega animais para adoção
O ato de entregar um animal a um novo dono não deve ser encarado como um alívio, mas antes como o início de um processo em que devemos estar atentos ao bem-estar do animal e do dono, preocupando-nos em assegurar boas condições de vida para o animal e ajudar o novo dono com todas as suas dúvidas, mostrando-lhe alguns dos caminhos que podem seguir e o que podem fazer para melhorar a qualidade de vida do próprio animal e de tantos outros que estão em igual situação.
É com isto em mente que procuro obedecer, sempre que possível, a algumas questões – para mim essenciais – quando entrego um animal para adoção!
1. Estudar o possível adotante
Antes de entregar um animal para adoção é sempre bom ter uma (ou mais) conversas com o possível adotante procurando testar alguns pontos cruciais como as condições previstas para o animal viver, disponibilidade para levar o animal ao veterinário (caso necessite), relação humano-animal e todo um conjunto de ideologias que permitem prever se esta será, ou não, uma boa adoção para o nosso protegido.
2. Recolher e verificar dados sobre o adotante
Saber alguns dados sobre o adotante é sempre importante. Dados como o nome, morada, número de telefone ou telemóvel e ainda uma segunda possível morada são sempre boas formas de verificar as condições dos animais e de manter o contacto pós-adoção. Tentem sempre confirmar estes dados antes da adoção estar concretizada; é sempre mau descobrir que fomos enganados e que agora perdemos o rasto ao nosso protegido!
3. Acordar, mutuamente, com um termo de responsabilidade de adoção
Este termo, mesmo que sem valor legal, deve “comprometer” as partes envolvidas a permitir o acompanhamento do animal por parte da entidade responsável pela adoção e que o adotante irá cumprir com todas as responsabilidades inerentes à adoção de um ser vivo.
4. Manter o contacto pós-adoção
Após a adoção estar consumada devemos estar disponíveis para ajudar nalguma dúvida ou questão do adotante, bem como este deve estar disposto a permanecer em contacto com o responsável pela adoção permitindo-lhe saber como está o animal e em que condições está este a viver (aconselho o contacto com uma periodicidade mínima de 6 meses).
Lembro também que estas visitas devem ter um carácter mais de “visita ao animal” do que propriamente de “fiscalização” e que, ao longo do tempo, a periodicidade destas pode – e deve – tornar-se mais espaçada, para respeitarmos a privacidade dos novos donos.
5. Identificar o animal
Procurar demonstrar ao novo dono as vantagens de identificar o animal (especialmente no que se refere a cães e gatos), se exequível entregar o animal já identificado ou acordar em colocar uma identificação o mais rápido possível.
6. Castrar/esterilizar o animal
Consciencializar o dono para que um animal não castrado é sempre mais uma responsabilidade: a de assegurar que não procria e, caso o faça, assegurar que a filiação é entregue a pessoas responsáveis.
Na minha experiência, um animal aparentemente puro nunca sai da minha alçada por castrar/esterilizar afastando assim potenciais “criadeiros” que procuram animais aparentemente puros para cruzar com outros e assim fazer dinheiro fácil a partir destes animais.
Nota: No caso dos roedores e/ou de animais que tenham uma taxa reprodutiva elevada, convém explicar bem aos donos esse facto e entregar apenas animais do mesmo sexo evitando, assim, o nascimento de ninhadas atrás de ninhadas que depois não têm para onde ir.
Este artigo foi publicado na Revista nº5 do Mundo dos Animais, em Fevereiro de 2008, com o título “Conselhos Úteis Para a Adopção”.
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