O vírus Zika pode se hospedar em
partes do corpo humano que são protegidas da atuação do sistema
imunológico, o que torna mais difícil o combate e possivelmente aumenta a
janela de tempo durante a qual ele pode ser transmitido, disseram
especialistas norte-americanos na sexta-feira.
Cientistas informaram que o Zika
vírus pode ser detectado no sêmen até 62 dias depois da infecção da
pessoa, aumentando as evidências da presença do vírus no tecido cerebral
de fetos, na placenta e no fluido amniótico. O trabalho dos
pesquisadores é parte de uma corrida internacional para entender os
riscos associados ao vírus, que está sendo rapidamente espalhado pelo
mosquito Aedes aegypti e pode estar ligado a milhares de caso de
microcefalia no Brasil.
"Neste momento, sabemos que ele fica
muito pouco tempo no sangue, de uma semana a dez dias. Já sabemos
também, depois de acumular mais um pouco de experiência, que ele pode
ser encontrado no líquido seminal. Não temos certeza sobre o
pós-infecção, onde mais o vírus pode se alojar", afirmou o Dr. Anthony
Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas
dos EUA.
"Essas são coisas que precisam ser examinadas cuidadosamente em história natural e estudos de caso-controle", disse.
Fauci afirmou que a persistência do
Zika em permanecer no corpo humano remonta aos casos de epidemia de
Ebola em 2014, a pior já registrada. Em alguns pacientes, o vírus
altamente letal permaneceu por meses no sêmen e no fluido dos olhos.
O Zika causa sintomas moderados e,
na maioria das vezes, não provoca doenças. Mas suspeita-se que ele
esteja ligado à microcefalia e ao distúrbio neurológico Síndrome de
Guillain-Barré, o que causou alerta em autoridades de saúde, muito
embora tais associações ainda precisem ser provadas. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência médica global no dia 1º de
fevereiro em decorrência da disseminação do Zika.
Vários órgãos, incluindo testículos,
olhos, placenta e o cérebro são "privilegiados em imunidade", ou seja,
estão protegidos de ataques realizados pelo sistema imunológico para
neutralizar invasores externos no organismo.
Esses locais são protegidos por
anticorpos que impedem o ataque do sistema imunológico a tecidos vitais.
Se o vírus entrar nessas partes do corpo, é muito mais difícil
combatê-lo.
"O vírus pode persistir e/ou se
multiplicar", disse o Dr. William Schaffner, um especialista em
infectologia do Vanderbilt University Medical Center, em Nashville.Fauci
afirmou que não é surpresa que o Zika sobreviva no sêmen. Já há duas
suspeitas de contágio por transmissão sexual. Ainda não se sabe,
contudo, por quanto tempo ele possa ficar lá.
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