Pensem mentalmente quais são os cheiros de que você mais gosta na vida. Alguns dirão que é o de café fresco, outros lembrarão o de talco de bebês, e uma parcela deve responder que é o do perfume 212 da Carolina Herrera. Porém, existe uma unanimidade entre os prazeres olfativos: o cheirinho de terra molhada.
Normalmente ele remete à nossa infância, quando brincávamos na casa de nossos avós e corríamos para nos esconder da chuva. Logo depois da tempestade, porém, vem aquele agradável e característico aroma da chuva. Mas como será que ele é produzido?
Cheiro de grama após a chuva: quem não curte?
Nome próprio (e bem esquisito)
Os cientistas nomearam esse odor perfeito como “petrichor”, que é a união das palavras gregas “petra” (pedra) e “ichor” (o líquido que corre na veia dos deuses). Eles também tentaram explicar como ele surge após a chuva, já que ela em si não tem cheiro nenhum, por se tratar basicamente de água.
Quando as gotas da chuva atingem superfícies porosas, elas interceptam minúsculos “bolsões de ar”, que acabam subindo para a atmosfera – igual acontece com as bolhas de um copo de champanhe, por exemplo. Ao estourarem, essas bolhas liberam o característico “cheiro de chuva”.
Pesquisadores testaram diversas superfícies e diferentes intensidades de chuva. Dependendo da força da água e da densidade do solo, o ar fica repleto de gotículas aromáticas proveniente do chão em pouquíssimos segundos. O mesmo estudo já havia sido feito com a chuva na água, mas pela primeira vez os cientistas mostraram que o fenômeno se repete no solo.
Pesquisadores deram até um nome para o cheiro de chuva: petrichor
Chuva perigosa?
Entretanto, os pesquisadores descobriram outra coisa fazendo esse estudo: assim como os aromas sobem para a atmosfera com gotículas de chuva que atingem o solo, alguns vírus e bactérias também podem se espalhar dessa maneira. Agora, eles querem entender quão perigoso isso pode ser para a nossa saúde.
Entretanto, a maior parte do cheiro de chuva e de terra molhada é proveniente das próprias bactérias! Algumas filamentosas se desenvolvem no chão em condições quentes e úmidas. Ao serem “perturbadas” por uma chuva, ela se “agarram” a essas microbolhas que flutuam no ar; quando as bolhas estouram, liberam a fragrância.
Chuva espalha bactérias e vírus que estão no solo
Interação química
Outro detalhe importante descoberto pelos pesquisadores é que a chuva, apesar de ser basicamente composta de água, também “varre” produtos químicos de nossa atmosfera, se tornando um pouco ácida.
Ao atingir o solo, essa mistura química vai ganhar novos contrastes com a própria formação química do chão, liberando novos odores. Por isso, nem sempre a chuva tem um cheiro bom: quando o solo está muito seco ou quando está carregado de matéria orgânica “morta”, o seu odor pode ser mais desagradável.
Chuva carrega componentes químicos que estão no ar, fazendo-os interagir com o solo
Era uma vez
Por fim, outra parte do cheiro é proveniente dos óleos voláteis que algumas plantas liberaram na natureza. Eles se acomodam nas rochas e interagem com a chuva da mesma forma explicada acima. Por isso é que algumas vezes você consegue identificar um cheiro diferente do percebido por outra pessoa durante a mesma tempestade! Há uma infinidade de misturas que compõem esse tão característico odor.
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